quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Qualidade das rodovias do Rio estão em queda livre


A qualidade das rodovias que cortam o estado piorou entre 2009 e 2010, na contramão da maioria das estradas do Brasil. É o que aponta pesquisa da Confederação Nacional de Transportes (CNT), que analisou 91 mil km da malha federal, estadual e privada do País. No Rio, foram percorridos mais de 2 mil km, e o resultado não foi satisfatório: o número de vias consideradas ruins ou péssimas aumentou de 7,1% para 11,4%. Já as classificadas como ótimas despencaram de 38,7% para 16,2%.
Embora ainda apresente números inferiores aos do Rio, o restante do País teve melhora significativa em 2010. A quantidade de estradas consideradas ótimas ou boas subiu de 31% para 41,2%. As ruins e péssimas tiveram ligeiro crescimento, de 24% para 25,4%.
“O Rio não acompanhou a melhora do resto do Brasil. A gente percebe gargalos significativos no estado, que concentra sua riqueza na Região Metropolitana. Algumas rodovias têm deficiências graves e precisam de mais investimentos, como a BR-116 Sul e a BR-101 Norte”, explica Eduardo Rebuzzi, diretor de Transporte Rodoviário de Carga da CNT.
Popularmente chamada de Rio-Campos, a BR-101 Norte começa em Niterói e termina na divisa com o Espírito Santo. Para Rebuzzi, a construção de novas pistas é essencial para diminuir o número de óbitos na via, que chega a 180 por ano. “É uma rodovia que recebe muito tráfego e precisa ser duplicada urgentemente, principalmente no trecho entre Casimiro de Abreu e Campos”, afirma. A Autopista Fluminense, concessionária que administra a estrada, diz que o contrato de concessão prevê a duplicação de 176 km de pistas.
A BR-101 Norte foi analisada em conjunto com a BR-101 Sul, conhecida como Rio-Santos. A pesquisa aponta piora na pavimentação e sinalização da via. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), órgão que controla a estrada, alega que todas as rodovias federais estão passando por obras de restauração, com desvios e trânsito lento em vários trechos.
Já a Via Dutra (BR-116 Sul) não suporta mais o volume de tráfego. “A Serra das Araras está saturada. Precisa ser duplicada já”, alerta Rebuzzi. A CCR Nova Dutra alegou que o estudo incluiu trecho fora da área de concessão da empresa. Duas outras rodovias federais tiveram resultado ruim: a BR-354 (Resende-Caxambu), e a BR-485 (Agulhas Negras-Itamonte). A sinalização e a geografia foram classificadas como péssimas, e o asfalto, ruim.

Melhoria em estradas privatizadas a reboque do pedágio

O aumento dos investimentos em infraestrutura causou a melhora significativa das rodovias brasileiras, mas a reboque dos pedágios. A avaliação é do diretor de Transporte Rodoviário de Carga da CNT, Eduardo Rebuzzi. Segundo ele, as estradas privatizadas estão se destacando neste processo. “Nos últimos anos, está havendo mais investimento na malha nacional. Mas as rodovias mais conservadas continuam sendo as concedidas”, afirma o diretor.
Uma das estradas do estado do Rio que mais receberam melhorias neste ano foi a BR-393, que liga Barra Mansa a Além Paraíba (MG). Administrada desde março de 2008 pela concessionária Acciona, a rodovia recebeu nova pavimentação e sinalização. A via passou de regular para boa, na avaliação. Segundo a pesquisa da CNT, desde 2007 foram investidos R$ 27,71 bilhões em infraestrutura das rodovias. Um gasto mais de seis vezes maior do que os R$ 4,15 bilhões registrados entre 1999 e 2002.

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