Estudo feito com 200 universitários da Uenf na faixa dos 22 anos confirma a tendência dos jovens brasileiros de trocar a camisinha por outros métodos contraceptivos à medida que os relacionamentos ganham estabilidade.Verificada em pesquisa feita em 2008 pelo Ministério da Saúde, esta tendência pôde ser constatada também no estudo "DST/AIDS: Conhecimentos e percepções de estudantes da Universidade Estadual do Norte Fluminense", que embasou a monografia de conclusão de curso da aluna Juliana de Cássia da Silva Pinto no bacharelado em Ciências Biológicas da Uenf.
Orientada pelo professor João Carlos de Aquino Almeida, do Laboratório de Fisiologia e Bioquímica de Microorganismos (LFBM) do Centro de Biociências e Biotecnologia (CBB) da Uenf, a pesquisa mostra que, embora tenham um bom nível de conhecimento geral sobre a AIDS e DSTs e suas formas de transmissão, grande parte dos estudantes apresenta comportamento de risco para estas doenças.
Apenas nos relacionamentos considerados esporádicos todos afirmam usar o preservativo para evitar um possível contágio. Em relacionamentos considerados fixos ou estáveis, 28,5% dos entrevistados disseram que não pedem que seus parceiros usem preservativo e 35% assumiram que não usam ou usariam o preservativo.
Um relacionamento é considerado fixo ou estável, para 39% dos entrevistados, quando chega a durar cinco ou seis meses. Já para 16,5% deles, o relacionamento pode ser considerado fixo ou estável com um ou dois meses de duração.
Segundo a pesquisa, 14,5% dos entrevistados afirmaram que a falta de preservativo não seria um empecilho para um relacionamento sexual desejado, enquanto 37% deles disseram que só se relacionariam sexualmente sem proteção em determinadas condições, enquanto 5% não tinham em mente que reação teriam frente a tal situação. Menos da metade dos entrevistados afirmou que não teria relação sexual sem preservativo em hipótese nenhuma.
O método preventivo/contraceptivo adotado pela maioria dos entrevistados é a combinação de pílula e camisinha. No entanto, mais de 25% deles assumem um comportamento de risco ao usar somente a pílula ou a tabelinha, fato que pode estar diretamente relacionado à confiança que depositam nos parceiros - diz.
Embora tenham demonstrado um bom nível de conhecimento sobre o assunto, metade dos entrevistados não sabia que a contaminação também pode ser vertical, ou seja, da mãe para o filho, através do sangue ou do leite materno.
Também foi verificado desconhecimento em relação ao teste do HIV. Apenas 15,5% já haviam feito o teste e a maioria (62%) não sabia que este teste pode ser feito gratuitamente na rede pública de saúde.
A pesquisa mostra que o conhecimento sobre a AIDS/DSTs não implica necessariamente em mudanças de comportamento. Esperamos que estes dados possam ajudar na elaboração e implementação de campanhas e projetos que tenham como público alvo específico os estudantes universitários, dado o alto índice de vulnerabilidade por eles apresentado - conclui Juliana.
Segundo Juliana, em 2007 foram registrados 2 milhões de falecimentos devido à AIDS e 2,7 milhões de novos casos de infecção por HIV. Os jovens na faixa dos 15 aos 24 anos de idade são os responsáveis por 45% das novas infecções. Muitos não sabem que são portadores do vírus, desconhecendo formas de se proteger e prevenir o contágio e a transmissão.
Na pesquisa, foram ouvidos estudantes de cursos inseridos nos quatro Centros da Uenf - Biociências e Biotecnologia (CBB), Ciência e Tecnologia (CCT), Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA) e Ciência do Homem (CCH): Agronomia (7,5%), Medicina Veterinária (12,5%), Zootecnia (5%), Ciências Sociais (5%), Pedagogia (10%), Licenciatura em Matemática (5%), Licenciatura em Biologia (10%), Ciências Biológicas (25%), Engenharia Civil (7,5%), Engenharia de Produção (5%), Engenharia de Materiais (5%) e Engenharia de Petróleo e Gás (2,5%).No total, 61,7% dos entrevistados eram mulheres e 38,3% eram homens. A maioria (74,5%) dos estudantes mora em repúblicas e apenas 17% moram com a família (pais e irmãos). Metade se disse católica, 28% crente em Deus mas sem religião, 11,5% protestantes e 7,5% ateus.
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