O maior humorista da TV brasileira, Chico Anysio morreu hoje, aos 80 anos, no Hospital Samaritano, em Botafogo, no Rio de Janeiro. Ele não se rendeu facilmente e, nos últimos três meses, travou um batalha pela vida, mas não resistiu.O humorista estava internado desde 22 de dezembro de 2011, em decorrência de uma hemorragia digestiva. Na ocasião, ele respondeu bem ao tratamento e saiu da unidade intensiva, mas acabou retornando aos cuidados especiais devido a uma pneumonia. No início de março, o quadro clínico de Chico chegou a dar esperanças à família.
Em sua página no Twitter, a mulher do humorista, Malga Di Paula, comentava que ele estava muito melhor. Segundo ela, o comediante, ainda no CTI, tinha assistido na TV a partidas de seu time, Vasco da Gama, e conseguido se sentar. Porém, no último dia 20, o seu estado piorou. Chico apresentou disfunções respiratória e renal e voltou a respirar com a ajuda de aparelhos em tempo integral.
Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho nasceu em 12 de abril de 1931, em Maranguape, no Ceará, e veio para o Rio de Janeiro, com a família, aos 7 anos. Mudou-se com a mãe e três irmãos. O pai permaneceu em sua cidade natal para tentar refazer a vida como construtor de estradas de rodagem. A família passou a viver numa pensão no bairro do Catete, abrigada em diferentes quartos.
A ideia inicial de Chico era estudar para ser advogado, mas a veia cômica e a necessidade de trabalhar mudaram seus planos. O cearense, que ainda jovem fazia imitações de personalidades, preparou um número com 32 vozes que o fez ganhar vários concursos de programas de calouros, como o "Papel carbono", de Renato Murce, e a "Hora do pato", apresentado por Jorge Cury, ambos da Rádio Nacional.
Aos 17 anos, ele fez um teste na Rádio Guanabara e ficou em segundo lugar em locução. Trabalhou em outras rádios nos anos 40 e até o começo da década de 50. Com 19 anos foi para a Rádio Clube de Pernambuco, em Recife, onde permaneceu por um ano antes de voltar para o Rio.
Com a fama no rádio, nada mais natural do que migrar para a TV. Chico levou o professor Raimundo para a extinta Tupi, onde apareceu pela primeira no vídeo no programa "Aí vem D. Isaura", de Haroldo Barbosa, estrelado por Ema D'Ávila. O personagem era um tio da protagonista que vinha do Nordeste. O ator também esteve em programas de humor como "Noites cariocas", "O riso é o limite" e "Praça da alegria".
Ele criou mais de 200 personagens. Com o nome artístico de Chico Anysio, fez "Espetáculos Tonelux", em 1953, e "O homem e o riso", em 1964. Em 69, subiu ao palco com o "Chico Anysio só" e foi assistido por 150 mil pessoas nos oitos meses da temporada. Entre os curiosos tipos que criou, fizeram sucesso o coronel Pantaleão, Bozó, Alberto Roberto, Salomé, Painho e Justo Veríssimo.
Chico também escreveu livros de humor, como "O telefone amarelo", "O batizado da vaca", "A curva do calombo" e "É mentira, Terta", e o romance "Carapau". Ele também era pintor e compôs várias músicas, muitas delas registradas por Dolores Duran. Com Arnaud Rodrigues, formou a dupla Baianos e Novos Caetanos, e gravou um disco.
O humorista estava na TV Globo há mais de 30 anos, onde comandou "Chico City", "Chico Anysio Show", "Chico total", "O belo e as feras" e "A escolinha do professor Raimundo" (criada em 52). Também teve quadros no "Gente inocente!?" e "Zorra total". Como ator, fez participações especiais na minissérie "Engraçadinha" e no filme "Tieta". Torcedor do Vasco e do Palmeiras, na Copa do Mundo de 92, na Itália, ele engrossou o time de comentaristas da Globo.
Entre as novelas em que atuou na TV Globo estão "Feijão maravilha" (1979), "Terra Nostra" (1999), "Sinhá Moça" (2006), "Pé na Jaca" (2006), e "Caminho das Índias" (2009) - o ator fez uma participação especial na novela de Glória Perez, no papel de Namit, um diretor de filmes trambiqueiro.
No cinema, trabalhou em diversos filmes desde a década de 1950, incluindo "Tieta do Agreste" (1996), e "Se eu fosse você 2" (2008). Mais recentemente, o humorista poderia ser visto no ar no programa "Zorra total", como o personagem Bento Carneiro.
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